Lula rouba a cena na abertura da marcha dos prefeitos
A marcha que deveria unir os prefeitos virou vitrine para ambições presidenciais
Por Arimateia Jr
Publicado em 20/05/2025 21:26
Politica
A marcha que deveria unir os prefeitos virou vitrine para ambições presidenciais

Brasília foi palco, nesta terça-feira (20), da abertura oficial da 26ª Marcha dos Prefeitos, e o clima era mais de pré-campanha do que de gestão pública. O evento, promovido pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), começou com ares de disputa antecipada pela presidência da República — mas, no fim das contas, foi Lula quem saiu com o protagonismo, mesmo sob vaias e aplausos divididos.

 

Estiveram presentes três dos chamados “presidenciáveis”: Ronaldo Caiado (Goiás), Eduardo Leite (Rio Grande do Sul) e Romeu Zema (Minas Gerais). Todos fizeram discursos calculados, mirando suas próprias bases eleitorais. O goiano Caiado, por exemplo, se destacou por um tom mais crítico à chamada PEC da Segurança, embora tenha evitado aprofundar a análise, deixando claro que falava mais para Goiás do que para o Brasil.

 

Leite e Zema, por sua vez, pareciam ensaiar uma candidatura mais modesta: ao Senado. Seus discursos giraram em torno de temas regionais, com pouca ou nenhuma visão nacional. Ambos adotaram um tom moderado, com frases feitas e acenos a prefeitos aliados. Nada que empolgasse além da plateia local.

 

Enquanto isso, Lula, mesmo enfrentando vaias de parte da plateia bolsonarista, mostrou-se como o único que parece jogar no tabuleiro nacional com peças reais. Com sua habitual retórica de proximidade com os municípios, o presidente deixou claro que, entre os presentes, é o único com apoio consolidado e estrutura nacional para seguir no jogo de 2026. Entre elogios e críticas, Lula foi quem mais agregou — e atraiu — aliados.

 

Chamaram atenção também as ausências. Tarcísio de Freitas (São Paulo) e Ratinho Júnior (Paraná), dois nomes especulados como possíveis adversários de Lula, não deram as caras. Para o Blog do Esmael, a ausência não é sinal de desinteresse, mas sim de fragilidade. Ambos desejam disputar o Planalto, mas não têm legenda robusta nem apoio nacional que sustente esse voo. Estão isolados no xadrez político, ainda que queiram parecer discretos.

 

Nos bastidores, já há articulações para uma “terceira via”, capitaneada por Michel Temer. O ex-presidente, que não larga o osso, tenta novamente viabilizar um nome que rompa a polarização entre Lula e Bolsonaro. Um déjà vu político que, como já vimos antes, tende a morrer na praia.

 

No fim, a marcha que deveria unir os prefeitos em torno das pautas municipais virou vitrine para ambições presidenciais. Mas, por enquanto, quem caminha com passo firme é Lula.

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