Ex-presidente do INSS preso pela PF recebia propina mensal de R$250 mil
A Operação cumpre 63 mandados de busca e apreensão e 10 de prisão preventiva
Por Administrador
Publicado em 14/11/2025 00:05
Politica
Esse foi o escândalo que levou à queda do então ministro Carlos Lupi

Por Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) - Preso pela Polícia Federal em uma nova fase da Operação Sem Desconto, o ex-presidente do INSS Alessandro Stefanutto recebia propina mensal de R$250 mil para defender interesses de empresa envolvida no esquema de descontos não autorizados em benefícios de aposentados e pensionistas, informou decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça.

 

Segundo a decisão, que citou a investigação da PF, Stefanutto já estava envolvido com o grupo criminoso desde a época em que era procurador-chefe do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

 

"Ficou claro que, em troca de sua influência, Stefanutto recebia propinas recorrentes, utilizando diversas empresas de fachada para ocultar os valores (Lavagem de Dinheiro), como Stelo Advogados e Associados, Delicia Italiana Pizzas e Moinhos Imobiliária", afirmou o ministro na decisão.

 

"O valor mensal de sua propina aumentou significativamente para R$250 mil após assumir a presidência do INSS", destacou o documento.

 

A detenção de Stefanutto, que dirigiu o órgão entre junho de 2023 e abril de 2025, foi noticiada inicialmente pelo jornal Folha de S. Paulo e confirmada pela Reuters com duas fontes da PF com conhecimento do caso.

 

A nova fase da Operação Sem Desconto, uma ação conjunta da PF e da Controladoria-Geral da União (CGU), cumpre 63 mandados de busca e apreensão, 10 mandados de prisão preventiva e outras medidas cautelares diferentes da prisão em 13 Estados e no Distrito Federal, segundo comunicado da polícia.

 

"Estão sendo investigados os crimes de inserção de dados falsos em sistemas oficiais, constituição de organização criminosa, estelionato previdenciário, corrupção ativa e passiva, além de atos de ocultação e dilapidação patrimonial", disse a PF.

 

A Reuters não conseguiu localizar representantes de Stefanutto. Procurado, o INSS não respondeu de imediato a um pedido de comentário.

 

Em setembro, a PF já havia prendido um suspeito de articular o esquema de cobranças indevidas a aposentados do INSS. As investigações indicam que esse suspeito movimentou R$12,2 milhões em contas bancárias em pouco mais de quatro meses.

 

O escândalo das cobranças não autorizadas levou à queda do então ministro da Previdência, Carlos Lupi, e à abertura de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) no Congresso Nacional.

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