Igor Ferreira Sauceda, de 27 anos, que perseguiu e matou o motociclista Pedro Kayque Ventura, de 21 anos, com um Porsche (leia mais abaixo), em julho do ano passado, é o dono do Beco do Espeto, no Itaim Bibi, zona oeste de São Paulo. O local, conhecido também como Bar do Gaúcho, foi um dos interditados na capital paulista nesta semana, por suspeita de contaminação por metanol nas bebidas.
Sauceda, que foi solto pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) em maio deste ano, teve o seu estabelecimento interditado cautelarmente na última sexta-feira (30), pelas Vigilâncias Sanitárias Estadual e Municipal. Além do Beco do Espeto, também foram interditados outros três bares e duas distribuidoras localizados nos bairros Bela Vista, Jardins e Mooca, na capital, e na cidade de São Bernardo do Campo e Barueri, na Grande São Paulo.
Nota do Beco do Espeto
O Beco do Espeto soltou nota em que atribui a interdição a uma suposta desinformação que circulou nas redes sociais. “Passamos por uma fiscalização hoje [1° de outubro] e, mesmo apresentando todas as notas fiscais de nossas bebidas e sem haver qualquer indício de irregularidade quanto aos nossos produtos, fomos obrigados a fechar as portas”, afirmou o estabelecimento.
“O auto de fechamento é pautado única e exclusivamente em uma suspeita, baseada numa fake news disseminada pela má-fé de pessoas que se utilizam do tema para surfar na onda de visibilidade”, encerra a nota.
Um servidor do Procon afirmou ao site Metrópoles que, em alguns casos, o estabelecimento que atendeu o consumidor pode não ser o culpado. “Comprou a bebida direitinho, com nota fiscal. As investigações apontam que a adulteração teria ocorrido em outro elo da cadeia de fornecimento.”
Relembre o caso do atropelamento
O caso aconteceu em julho do ano passado na Avenida Interlagos, na Zona Sul de São Paulo. Na ocasião, Sauceda perseguiu Ventura em seu Porsche amarelo a 102,3 km/h após o motociclista ter danificado o espelho do automóvel de luxo. Ventura chegou a ser socorrido, mas morreu no hospital. Ele sofreu politraumatismo e hemorragia cerebral. A velocidade permitida na via é de 50km/h. Câmeras de segurança registraram o crime.
Sauceda se tornou réu por homicídio doloso triplamente qualificado em agosto de 2024. A juíza responsável pelo caso afirmou que o empresário usou o carro como uma "verdadeira arma". Ele estava preso preventivamente há dez meses, mas agora irá responder ao processo em liberdade.
Em fevereiro deste ano, a Justiça havia marcado a audiência de instrução do caso, etapa em que as testemunhas são ouvidas e o réu é interrogado. Após isso, será decidido se ele irá ou não a júri popular pelo crime.
Posições da defesa e do MP
A decisão do Tribunal de Justiça de SP atendeu a um pedido da defesa do réu, que argumentou que Sauceda não ameaçou testemunhas e colaborou com a investigação da polícia.
O Ministério Público sustenta que Sauceda teve a intenção de matar Ventura e o acusa por homicídio doloso triplamente qualificado por motivo fútil, emprego de meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima. Além disso, a promotoria também pede um "valor mínimo de indenização a ser pago aos familiares da vítima". O MP sugere que Sauceda seja condenado a mais de 18 anos de prisão.
Apesar da concessão de liberdade, Sauceda terá uma série de restrições. Ele terá que usar tornozeleira eletrônica, continua com sua Carteira Nacional de Habilitação (CNH) suspensae fica proibido de deixar a capital paulista por mais de uma semana sem avisar a Justiça. O réu também deverá entregar seu passaporte.
Fonte: Revista Fórum