A Procuradoria-Geral da República (PGR) investiga um suposto esquema de corrupção envolvendo duas empresas contratadas pelo governo do Pará para obras relacionadas à Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2025 (COP30). As empresas J.A Construcons e JAC Engenharia, que já receberam R$ 911 milhões do estado entre 2020 e 2024, são ligadas ao deputado federal Antônio Doido (MDB-PA).
A investigação teve início após a prisão do policial militar Francisco Galhardo, que sacou R$ 5 milhões às vésperas das eleições municipais de 2024. Conversas encontradas em seu celular apontam para pagamentos suspeitos no mesmo dia em que o consórcio formado pelas duas empresas venceu uma licitação de R$ 142 milhões para obras da COP30, em Belém. Segundo a PGR, Galhardo se encontrou com o secretário de Obras Públicas do estado, Ruy Cabral, dias após o saque.
Dados do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontam movimentações atípicas nas contas da J.A Construcons, sugerindo possíveis desvios de recursos públicos e fraudes em licitações. A sócia formal da empresa é a esposa de Antônio Doido, mas a PGR afirma que ela atua como laranja do parlamentar.
A PGR sustenta que Antônio Doido, o PM Galhardo e o secretário Ruy Cabral integram uma organização criminosa voltada à prática de crimes contra a administração pública e fraudes em contratos. Há ainda suspeitas de delitos eleitorais e infrações ao sistema financeiro nacional.
O governo do Pará nega irregularidades e afirma que os contratos foram firmados por meio de licitações regulares. A defesa de Antônio Doido repudiou o vazamento de informações sigilosas e declarou que o deputado está à disposição das autoridades e tem tranquilidade quanto à legalidade de seus atos.
Policial militar Francisco Galhardo, preso em investigação sobre esquema de corrupção ligado à COP30 no Pará.