Avenida comercial no centro de Palmas (Foto: Divulgação/Prefeitura de Palmas)
Vítimas relatam as atitudes do servidor Leandro Siqueira Gomes, de 42 anos. A Secretaria da Educação diz que vai exonerálo e defesa pede internação
Natural de Miracema do Tocantins, uma advogada de 28 anos é uma das três mulheres que representaram contra o servidor público de 42 anos, por importunação sexual, enquanto treinavam em uma academia da quadra 108 sul, na tarde da ultima quarta-feira, 24, em Palmas.
O homem suspeito é Leandro Siqueira Gomes, 42 anos. Ele é servidor comissionado da Secretaria da Educação (Seduc). Em nota, o órgão disse manifestar “total repúdio” a qualquer forma de "assédio, importunação ou violência sexual' e não “será admitido, compactuado ou tolerado que tais práticas aconteçam em ambiente interno ou externo por servidores da pasta”.
A Seduc afirma apoiar as autoridades na apuração dos fatos e na aplicação da justiça e como medida interna, o órgão afirma que irá rescindir o contrato com o servidor imediatamente. Gomes é contratado desde 1º de junho do ano passado, lotado na Diretoria de Planejamento e Orçamento.
A Polícia Militar (PM) o prendeu em flagrante, após intervenção de dois delegados de Polícia Civil e um policial militar que malhavam no mesmo momento. Os agentes perceberam que um homem insistia em abordar as mulheres no interior da academia.
Os relatos das vítimas
Esta primeira vítima contou que terminava um treino quando viu o suspeito abraçar uma mulher de forma incisiva. “Eu cheguei a pensar que pudesse ser namorado dela, e aí eu fiquei olhando. Quando ele deixou de abraçar ela, saiu e me encontrou no meio do caminho, e tentou me beijar, ele chegou perto do meu rosto”.
Quando ela percebeu a ação, passou a chamá-lo de “doido” e as pessoas ao redor perceberam. “Nessa hora eu passei a andar para trás e o pessoal que estava ao redor olhou, e tinha um delegado que me perguntou o que estava acontecendo, foi quando eu contei. Nessa hora o cara saiu e no caminho encontrou outra amiga minha e passou a mão na bunda dela. O delegado viu foi atrás e deu voz de prisão”.
Durante a abordagem ela disse que ficou em choque. “A gente se sente impotente, porque ele é mais alto e minha reação foi só correr dele. Mas o sentimento maior é a impotência mesmo, se eu estivesse em outro lugar e estivesse sozinha ele teria continuado e conseguido”.
De acordo com ela, o suspeito estava com cheiro de bebida alcóolica. “Ele estava com cheiro de whisky, eu só senti porque ele estava perto muito próximo da minha boca”.
A segunda vítima, uma estudante de 23 anos, natural de Porto Nacional, disse que o suspeito passou a mão pelo corpo dela, além de abraçá-la à força. “Eu estava na academia treinando quando ele chegou e falou o nome dele, me chamou para ir para Goiânia e eu falei que não. Ele passou a mão nos meus peitos e na minha bunda eu afastei ele e ele pegou e me abraçou a força foi quando o pessoal percebeu que tinha alguma coisa estranha”.
A vítima conta que não teve reação no momento da importunação. “Na hora fiquei sem reação eu não conseguia nem falar. Depois que aconteceu que o pessoal viu como eu fiquei que veio cair a ficha do que tinha acontecido, na hora eu nem raciocinava”.
A terceira vítima do servidor da academia preferiu não comentar sobre o caso. A reportagem não conseguiu ouvir a quarta vítima, que teria sido abordada em supermercado próximo.
Pai alega esquizofrenia do filho
O pai do servidor é o conselheiro substituto do Tribunal de Contas do Estado, Leondiniz Gomes.
Ele disse que o filho tem problemas psicológicos e que o caso está com a Defensoria Pública. “A defesa foi feita pela Defensoria Pública, parece que o desfecho foi encaminhá-lo para tratamento no hospital, ele já foi diagnosticado como esquizofrênico”.
O pai contou ainda que o filho não mora mais com ele, mas que já presenciou “surtos psicóticos”.
A reportagem solicitou o posicionamento da Defensoria Pública e tentou confirmar se houve audiência de custódia pela qual o servidor passaria, mas não obteve retorno aos pedidos nem da Defensoria Pública nem do Judiciário.
A reportagem apurou que o servidor chegou a ser levado para a Junta Militar para passar por audiência de custódia, mas o ato precisou ser remarcado em razão do estado alterado do suspeito. Ele segue sob custódia e vigiado pela Polícia Penal na ala psiquiátrica da Unidade Penal de Palmas.
Fonte: Jornal do Tocantins