Cacique é atacado e baleado no rosto em emboscada; MPF cobra explicações
Politica
Publicado em 16/05/2023

Para o MPF, este é mais um episódio de violência que os indígenas Tembé sofrem por causa de conflito com empresas produtoras de dendê

 

 

Por Saymon Lima

O Ministério Público Federal (MPF) convocou uma reunião de emergência na tarde desta segunda-feira (14) com órgãos públicos, a fim de cobrar respostas sobre o atentado contra o líder Lúcio Tembé. Ameaçado de morte, o indígena foi baleado na cabeça na madrugada deste domingo (14) em uma emboscada no distrito de Quatro Bocas, em Tomé-Açú.

 

Lúcio Tembé é envolvido na causa indígena e na luta por terras no Nordeste do Pará. No domingo (14), o MPF havia solicitado providências urgentes à Polícia Federal e à Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) a fim de esclarecer a tentativa de homicídio contra o líder.

 

Indígenas relataram à procuradoria que, na madrugada de domingo (14), dois pistoleiros atiraram contra o cacique, que foi alvejado no rosto e foi levado às pressas para atendimento em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O estado de saúde dele não foi informado.

 

Vários órgãos públicos foram acionados pelo MPF. Para o órgão, este é mais um episódio de violência que os indígenas Tembé sofrem por causa de conflito com empresas produtoras de dendê. O conflito diz respeito à antiga empresa Biopalma que fica aos arredores da Terra Indígena Turé Mariquita. Os Tembé reivindicam áreas em que há atualmente plantações de dendê. 

 

À Polícia Federal o Ministério Público Federal pediu instauração de inquérito policial e que sejam tomadas as seguintes providências: 

 

diligência urgente no local do crime, com elaboração de relatório policial, acompanhado de captura de fotos, vídeos e planilha geográfica;

 

expedição de ofícios para a Polícia Civil de Acará e de Tomé-Açu, para a Segup e para o Instituto Médico Legal (IML);

 

 

O procurador-chefe do MPF no Pará, Felipe de Moura Palha, pede "à autoridade policial federal a atribuição de caráter de urgência e prioridade ao cumprimento das atuais e futuras medidas investigativas no inquérito policial em questão". 

 

"Há em vista o intenso nível de conflituosidade da região (...), com riscos concretos à vida e à integridade física dos indígenas", disse à reportagem da Globo.

 

ENTENDA O CASO

 

O cacique do povo Tembé foi alvo de atentado e acabou baleado na cabeça no domingo (14). Lúcio Tembé é uma das principais lideranças do movimento indígena e foi internado em estado grave em um hospital na Grande Belém, segundo a Federação dos Povos Indígenas do Estado do Pará (Fepipa). A Polícia Civil disse que o ataque está sendo investigado. Ninguém havia sido preso, até a tarde de segunda-feira (15).

 

O cacique da aldeia Turé-Mariquita foi baleado na madrugada na região conhecida como Quatro Bocas, quando voltava de carro para a aldeia. Em nota nas redes sociais, compartilhada pela secretária dos Povos Indígenas do Pará (Sepi), Puyr Tembé, a Fepipa informou ainda que a suspeita é que o "cacique estava sendo monitorado pelos criminosos" e que ele é "uma das pessoas que são ameaçadas de morte por sua atuação em favor do seu povo".

 

"Diligências são realizadas com objetivo de coletar todos os vestígios e provas que possam contribuir para elucidação do crime, com a identificação dos responsáveis. Informações que auxiliem nas investigações podem ser repassadas via Disque-Denúncia, número 181. O sigilo é garantido", informou a Segup em nota.

 

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