Um paraíso turístico mineiro foi cenário de uma tragédia por volta do meio-dia de sábado (8/1), quando um enorme bloco rochoso se desprendeu de um cânion no Lago de Furnas, atingiu lanchas turísticas e matou ao menos sete pessoas na hora.
Até a noite de sábado, os bombeiros de Minas Gerais ainda davam três vítimas como desaparecidas e planejavam retomar logo no início da manhã deste domingo (9/1) as buscas com mergulhadores. Dezenas de feridos foram atendidos em hospitais da região, alguns com fraturas expostas e lesões graves na cabeça.
O lago da represa da Usina Hidrelétrica de Furnas é enorme. Com 1.440 km², é o maior do estado e banha mais de 30 municípios. Mas é em Capitólio, a pouco menos de 300 km de Belo Horizonte, que se reúne a maioria dos turistas, justamente pela beleza das cachoeiras e paredões de rocha do local. A fama explica a quantidade de lanchas no local do acidente.
Uma das sobreviventes da tragédia, a servidora pública Daniele Teixeira Cardoso relatou em vídeo os momentos de horror que viveu quando uma pedra atingiu a cabeça do piloto da lancha onde ela estava e a embarcação ficou à deriva. “Foi uma assustadora luta pela vida. Muita gente bateu na nossa embarcação para fugir, teve embarcação passando por cima das pessoas na água, muito triste”, contou ela.
De acordo com especialistas, a erosão nas rochas que ficam às margens do lago artificial da represa de Furnas é um fenômeno natural. Uma investigação do incidente em Capitólio já foi iniciada pela Polícia Civil mineira e pela Marinha do Brasil, mas, por enquanto, há apenas especulações sobre possíveis causas para o ocorrido.
Tem chovido muito na região do Lago de Furnas nas últimas semanas e o tempo estava ruim inclusive na hora do desabamento da pedra. Ao Metrópoles, militares do Corpo de Bombeiros disseram que a ocorrência de uma tromba d’água na cachoeira onde ocorreu o incidente pode ter ajudado a provocar a tragédia, junto com o deslocamento de pedras.
O incidente não ocorreu de uma vez e muitos turistas chegaram a perceber que o paredão estava esfarelando antes do maior pedaço cair. Esses turistas tentaram alertar os ocupantes de lanchas que estavam mais perto da rocha.
O Corpo de Bombeiros de Minas Gerais contabilizava até a noite de sábado 27 pessoas feridos atendidos em hospitais da região e sete mortos. As vítimas fatais são quatro homens e três mulheres. Suas identidades ainda não foram informadas até o momento.
Ainda segundo os bombeiro, quatro embarcações foram atingidas, sendo que duas afundaram com o impacto.
Algumas vítimas ficaram com fraturas abertas e expostas. Pelo menos três pessoas estão desaparecidas. Os bombeiros chegaram a estimar em 20 o número de desaparecidos, mas reviram o número na noite de sábado após conseguir contato com as vítimas da tragédia.
Pelo menos nove pessoas foram hospitalizadas em unidades da Santa Casa das cidades de Passos, Piumhi e São João da Barra. O Corpo de Bombeiros também informou que 23 vítimas foram atendidas na Santa Casa de Capitólio e liberadas.
Pelo menos duas vítimas do deslizamento sofreram traumas graves na face. Uma mulher de 50 anos, moradora do Rio de Janeiro, estava no Lago de Furnas quando os cânions despencaram. Ela teve o rosto dilacerado e foi levada para a Santa Casa de Passos. Na unidade, cirurgiões plásticos precisaram fazer a reconstrução do rosto da mulher.
Capitólio fica a 288 km de Belo Horizonte e é conhecida como um dos principais pontos turísticos mineiros por causa de suas belezas naturais. De acordo com as autoridades locais, o cânion tem um tipo de rocha mais suscetível a erosão.
A tragédia em Capitólio causou comoção nacional. O presidente Jair Bolsonaro (PL), por exemplo, chamou o incidente de “lamentável desastre” e informou que a Marinha atuou desde o primeiro momento no resgate às vítimas.