No Maranhão, o Banco do Nordeste financiou R$ 40 mil para projetos de bioeconomia. Os recursos são da linha de crédito Bioeconomia, do Pronaf
"Aqui não temos poços, não temos riachos, não temos cacimbas. Aqui é a água que Deus manda". O relato do agricultor Vilmar Lermen, no município de Exu, no sertão pernambucano, poderia ser o início de uma história de tristeza e sofrimento. Mas logo se vê que é um exemplo de que com técnica e apoio financeiro é possível mudar a realidade de uma comunidade inteira.
O empreendimento de Vilmar é um dos muitos projetos de cultivo sustentável que são apoiados pelas linhas de crédito do Banco do Nordeste.
Em 2021, foram financiados R$ 18,2 milhões com recursos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) em 490 projetos pelas linhas Floresta, Agroecologia e Bioeconomia.
No Maranhão, a linha Bioeconomia liberou R$ 40 mil em dois projeto
Vilmar e sua família trabalham com sistema de produção agroflorestal em que várias espécies de plantas e animais convivem em harmonia, produzindo alimentos sem agredir o meio ambiente. Hoje, a propriedade familiar na Serra dos Paus Dóias cultiva feijão, milho e outras 200 espécies de plantas, além de processarem e comercializarem produtos como tintura, lambedor, farinhas de cascas e frutos, condimentos alimentícios e matéria prima para cosméticos, produtos de limpeza e bebidas.
Em uma região em que não havia água disponível nem energia elétrica, a transformação veio com o financiamento do Banco do Nordeste. "Em 2009, nós iniciamos a construção do projeto pelo Pronaf Agroecologia para ter acesso ao crédito. Assim, construímos uma cisterna de 76 mil litros para dar autonomia à produção e adquirimos outras tecnologias, como uso de abelhas, mudas, palmas e adubo orgânico. No começo de 2013, com novo financiamento fizemos outra cisterna e outros cultivos", afirma Vilmar Lermen.
O empreendimento de Exu recebeu, em 2021, o prêmio do Banco do Nordeste de Agricultura Familiar na categoria Sustentabilidade e foi um dos exemplos (temos vídeo no link) apresentados no XII Congresso Brasileiro de Sistemas Agroflorestais (XII CBSAF), que ocorreu em dezembro, em São Paulo.
Assim como a família Lermen, muitas propriedades rurais no Nordeste estão buscando financiamento para transformar seus negócios em agricultura sustentável sem degradar as reservas naturais.