SARS-3: a próxima pandemia será muito pior que a COVID-19
Por Administrador
Publicado em 29/10/2025 15:51
Politica

A pandemia de COVID-19 perturbou profundamente as nossas vidas e causou milhões de mortes, mas os especialistas alertam que a próxima crise sanitária mundial poderá ser ainda mais devastadora. Uma nova obra intitulada "The Big One: How We Must Prepare for Future Deadly Pandemics" descreve um cenário plausível em que um coronavírus mais mortal emergiria e se espalharia à escala planetária, apesar dos esforços das autoridades sanitárias.

 

Michael Osterholm, diretor fundador do Center for Infectious Disease Research and Policy da Universidade do Minnesota, e o premiado autor Mark Olshaker analisam no seu livro os ensinamentos tirados das pandemias passadas para atenuar o impacto de um eventual "SARS-3".

 

Eles salientam que mesmo sem contrair o vírus, ninguém escaparia às repercussões societais. As cadeias de abastecimento globais seriam gravemente perturbadas, levando a escassez de produtos essenciais como alimentos, medicamentos, energia e peças sobressalentes para as infraestruturas críticas. A COVID-19 revelou o quanto as nossas economias são interdependentes.

 

A produção farmacêutica constitui uma vulnerabilidade maior, já que a maioria dos medicamentos genéricos vitais provém da China e da Índia, países muito expostos às pandemias. Relocalizar esta produção necessitaria de subsídios governamentais, uma vez que as margens de lucro são demasiado baixas para atrair investidores privados. Esta dependência cria um risco estratégico para os países ocidentais, tanto mais que a consolidação industrial nestas regiões aumenta a fragilidade dos abastecimentos.

 

A cooperação internacional aparece como uma necessidade absoluta para fazer face às futuras pandemias. O princípio segundo o qual "ninguém está em segurança enquanto todos não estiverem" mantém-se mais pertinente do que nunca, como recordava o prémio Nobel Joshua Lederberg. Os autores criticam os desequilíbrios observados durante a COVID-19, em que as nações ricas acumularam excedentes de vacinas enquanto os países pobres delas careciam cruelmente.

 

Os desafios éticos e logísticos são imensos. Será necessário não só desenvolver novas vacinas eficazes, mas também prever capacidades de produção aumentadas, sistemas de distribuição eficientes e mecanismos de financiamento internacional. A questão do acesso equitativo aos antivirais colocar-se-á inevitavelmente, com decisões difíceis relativamente às prioridades de tratamento entre profissionais de saúde, idosos e trabalhadores essenciais. Estas reflexões devem ter lugar antecipadamente.

 

A natureza imprevisível dos vírus acrescenta uma camada de complexidade. Enquanto o SARS-CoV-2 afetava principalmente as pessoas idosas e imunodeprimidas, a próxima pandemia poderá atingir os jovens adultos saudáveis, como durante a gripe espanhola de 1918. A síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA), uma reação excessiva do sistema imunitário que danifica os pulmões, mantém-se difícil de tratar em grande escala. A comunidade médica mundial não está muito melhor preparada hoje do que há um século para enfrentar milhões de casos simultâneos.

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