Ameaças e risco de fuga levaram PF a prender "Careca do INSS"
Por Arimateia Jr
Publicado em 15/09/2025 17:06
Politica
Evidenciou-se que António Camilo possui grande capacidade intimidatória

A PF (Polícia Federal) apontou no pedido de prisão do empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como o "Careca do INSS", risco “latente” de fuga dele aos Estados Unidos, ameaças de morte a uma testemunha e ocultação de patrimônio no estacionamento de um shopping em Brasília.

 

“A possibilidade de evasão do Estado para o exterior é latente frente os elementos de informação”, diz a decisão que embasou a operação da última sexta-feira (12). A PF aponta compra de um imóvel nos EUA e depoimento da testemunha narrando a rota de fuga.

 

“Maurício Camisotti vem empregando meios para dilapidar ou ocultar o patrimônio angariado por meio de condutas ilícitas”, destacou também a PF para pedir a prisão do outro empresário. Antunes foi preso em Brasília e Camisotti em São Paulo.

 

A investigação também diz que a operação Sem Desconto, primeira fase em abril, foi vazada. E o “Careca do INSS” viajou aos Estados Unidos na véspera de ser alvo de buscas. E voltou quatro dias depois.

 

Sobre a ameaça de morte, o relatório da PF detalha que um ex-funcionário de Antunes procurou a PF em São Paulo para relatar intimidações.

 

"Evidenciou-se que António Camilo possui grande capacidade intimidatória, tendo em vista sua rede de contatos, sua influência política, sua capacidade financeira, seu modo destemido de agir, acreditando piamente na impunidade, sua proximidade com os demais investigados e testemunhas. Fato comprovado pelas intimidações e ameaças feitas por ele e seu ex-funcionário, caso se comunicasse com a Polícia Federal”, aponta o documento.

 

Antunes é investigado de ser um dos principais operadores do esquema bilionário de desvios de aposentadorias e pensões por meio de associações. As prisões foram autorizadas pelo ministro André Mendonça, do STF (Supremo Tribunal Federal).

 

O advogado Cleber Lopes, que representa Antunes, declarou que não se pode criminalizar o termo “lobby” e que ficou surpreso com a prisão de seu cliente. Para a defesa, não há crimes relacionados a ele.

 

A defesa do empresário Maurício Camisotti afirma que não há qualquer motivo que justifique sua prisão no âmbito da operação relacionada à CPI do INSS.

 

A PF também pediu a prisão do advogado Nelson Wilians e aponta crimes de lavagem de dinheiro entre ele e os outros dois empresários. A PGR (Procuradoria-Geral da República) foi a favor da prisão, mas o ministro André Mendonça negou e destacou que há elementos para outras medidas. Ele foi alvo de busca e apreensão, bem como endereços ligados a ele. Carros, quadros e esculturas eróticas foram apreendidos.

 

"Em relação ao mandado de busca e apreensão cumprido nesta data, Nelson Wilians esclarece que tem colaborado integralmente com as autoridades e confia que a apuração demonstrará sua total inocência”, destacou sua defesa.

Comentários