Pedido de supermercados para vender remédio provoca briga com farmácias
Publicado em 26/01/2025 11:35
Politica

O pedido do setor de supermercados ao governo para ter autorização de vender medicamentos desencadeou troca de argumentos com o segmento de farmácias

Por Danilo Moliterno (CNN-Brasil)

O pedido diz respeito somente a remédios sem necessidade de prescrição

Após a demanda dos supermercados ganhar repercussão, a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) repudiou a ideia.

 

A possibilidade é estudada pela gestão federal em pacote para reduzir preços. O setor indicou que os medicamentos sem prescrição representam 30% de suas vendas — e que por isso o impacto da possibilidade seria "desastroso" para as farmácias.

 

Afirma ainda que, ao prejudicar o segmento, a novidade poderia provocar "efeito rebote", com alta nos preços.   O principal argumento das farmácias, contudo, é de que, apesar de não exigir receita, estes medicamentos contém riscos e exigem indicação específica.

 

Segundo a associação, os clientes esclarecem dúvidas junto a farmacêuticos em 68% das vezes em que compra estes remédios.

 

Em resposta à Abrafarma, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) incluiu em sua proposta a necessidade de contratação de farmacêuticos. "Vão esclarecer dúvidas dos consumidores, seguindo o formato utilizado pelas farmácias nas vendas online", indicou.

 

Preços mais baixos?

Entre seus argumentos, a Abras menciona um estudo da Nielsen sobre inflação. Segundo a pesquisa, durante o período em que supermercados foram autorizados a vender remédio sem prescrição, os preços foram reduzidos em 35%. A Abrafarma chamou esta menção de "falaciosa".

 

A associação disse que monitora cerca de mil itens comuns entre os segmentos, e que em 50% das vezes os supermercados vendem mercadorias mais caras. "Por que não vendem mais barato itens como fraudas, cotonetes e outros?", questiona. Risco à saúde?

 

No final de 2024, a Anvisa emitiu nota em que criticava a possibilidade. Segundo a Agência, a venda de medicamentos em supermercados “levanta preocupações quanto às condições sanitárias para sua comercialização”.

 

Medicamentos exigem controle sanitário rigoroso em todo o seu ciclo, da produção ao consumo”, escreveu. Ex-presidentes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Gonzalo Vecina e Claudio Maierovitch criticaram a possibilidade de venda de medicamentos em supermercados.

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