Depois de Colinas do Tocantins, Tocantinópolis, Paraíso do Tocantins, Taguatinga, Miranorte, Porto Nacional e Miracema, agora foi a vez de Augustinópolis e Araguatins, na região do Bico do Papagaio, receberem o grande banco vermelho. Com 4 metros de comprimento por 1,80 metros de altura, a intervenção urbana foi projetada para chamar a atenção e dar visibilidade à causa do feminicídio.
Em Augustinópolis, o banco vermelho foi instalado pelo Poder Judiciário do Tocantins na Praça Ary Valadão, no último dia 18 de novembro. Em Araguatins, a ocupação está situada na Praça da Matriz, onde o marco de grande impacto social foi inaugurado no dia 19.
A cor vermelha, que simboliza o sangue derramado pelas vítimas, reforça ainda mais o impacto da instalação, que é fruto de uma ação conjunta do Tribunal de Justiça do Tocantins, por meio da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (Cevid/TJTO), em parceria com as prefeituras municipais.
Esforço contínuo
A juíza responsável pela Cevid/TJTO, Cirlene Maria de Assis Santos Oliveira, ressaltou, em Augustinópolis, que a instalação do Banco Vermelho faz parte de um esforço contínuo para combater a violência de gênero em todo o Estado. Ela também destacou a importância de envolver a comunidade em ações educativas e de apoio às vítimas de violência, reforçando o compromisso do Tribunal de Justiça em enfrentar esse problema de forma preventiva e com o apoio de todos.
De acordo com a juíza, a campanha “Feminicídio Zero” será realizada em duas etapas. “Estamos iniciando uma campanha de instalação do Banco Vermelho em Augustinópolis, e essa é a primeira fase. Por meio de um primeiro termo de cooperação, o prefeito disponibiliza o espaço público para a instalação do banco. Já na segunda etapa, programada para 2025, ações educativas serão desenvolvidas nas escolas municipais de ensino fundamental para combater a violência contra a mulher”, explicou.
O prefeito Antônio do Bar também se pronunciou sobre a importância da iniciativa: “Fiquei muito feliz em conhecer o Projeto Banco Vermelho e assinar esse compromisso tão importante para a nossa cidade. Tenho certeza de que será um marco na luta contra a violência e pela proteção das nossas mulheres. Agradeço ao Instituto Banco Vermelho, ao Tribunal de Justiça do Tocantins e à Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar do Poder Judiciário por trazerem essa importante iniciativa para Augustinópolis.”, declarou o prefeito.
Números da violência
Os números alarmantes divulgados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) destacam a gravidade da violência contra as mulheres no Brasil. Em apenas cinco meses deste ano, foram registrados mais de 380 mil casos, o que corresponde a uma média diária superior a 2,5 mil novas ações judiciais. Segundo dados do DataJud, desse total, 318.514 ocorrências referem-se à violência doméstica, 56.958 a estupros e 5.263 a feminicídios, evidenciando a urgência de medidas efetivas para combater essa realidade.
Em Araguatins, a juíza Cirlene Maria Assis destacou a relevância do engajamento da comunidade local no combate à violência de gênero. Lembrou que o “Banco Vermelho” vai além de um símbolo visível na praça, sendo um poderoso instrumento de reflexão e conscientização sobre a violência doméstica. “Que este símbolo não seja apenas visível pela sua presença física, mas que inspire reais na vida de quem enfrenta ou combate essa violência”, disse, ressaltando o impacto que a iniciativa pode ter na transformação de atitudes e no fortalecimento da rede de apoio às vítimas.
A juíza Nely Alves da Cruz, diretora do Fórum de Araguatins, revelou um relato pessoal tocante sobre sua experiência em um relacionamento tóxico e abusivo, no qual foi vítima de diferentes formas de violência. Ela enfatizou que a violência doméstica é um problema democrático, pois não escolhe a mulher nem o lar, atingindo pessoas de todas as idades, classes sociais e situações familiares.
Sua história, cheia de coragem e resiliência, trouxe à tona a urgência de unir esforços no combate à violência de gênero. A juíza encorajou as mulheres a se posicionarem, reforçando que a luta contra a violência doméstica precisa ser um compromisso coletivo, onde todas as vozes têm importância.
O trabalho de conscientização não se limita ao símbolo, mas se estende à educação e ao engajamento da comunidade, que será parte ativa nesse esforço para erradicar a violência do gênero. Como já é tradicional nos locais onde o Banco Vermelho foi instalado, em Araguatins, ele também será um ponto de partida para diversas ações educativas nas escolas e outros espaços.
Instituto Banco Vermelho
O IBV foi fundado em 25 de novembro de 2023, tendo como marco o Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher. A iniciativa surgiu da experiência pessoal de duas mulheres de Recife (PE), a publicitária e ativista Andrea Rodrigues e a executiva de marketing Paula Limongi, que transformaram o luto pela perda de entes queridos em um movimento ativo pela mudança.
O Instituto visa o #feminicídiozero não como um ideal inalcançável, mas como um compromisso coletivo. E para reforçar a conscientização, o IBV utiliza bancos vermelhos gigantes em espaços públicos e privados. Esses bancos também fornecem informações sobre canais de apoio às vítimas e servem como pontos de acolhimento, reflexão e informação.
Em 31 de julho de 2024, o Presidente Lula sancionou a Lei nº 14.942, que incorpora iniciativas do IBV ao “Agosto Lilás”, o mês dedicado à proteção das mulheres. A lei prevê a instalação de bancos vermelhos em locais públicos e a premiação de projetos relacionados à conscientização e enfrentamento da violência contra a mulher.
(ASCOM TJTO)