O ator teve uma carreira marcante na televisão, destacando-se por interpretar o lendário Rei da Selva e por seu trabalho como apresentador
Por Pedro Benjamin Prado
O texano Ron Ely, conhecido por protagonizar a primeira série de “Tarzan” na TV, faleceu aos 86 anos em 29 de setembro, em Santa Barbara, Califórnia, revelou sua filha Kirsten nesta quarta-feira (23/10).
Sua filha Kirsten lembrou o legado de seu pai com carinho: “Meu pai era alguém que as pessoas chamavam de herói. Ele teve um impacto positivo em todos que conheceu.”
Carreira marcada pelo papel de Tarzan
Ron Ely alcançou grande fama ao ser escalado como o protagonista da série “Tarzan”, produzida pela NBC entre 1966 e 1968. Mas o ator, que tinha 1,93 metro de altura e olhos azuis, só foi selecionado após Mike Henry, que tinha estrelado três filmes de Tarzan, largar a produção devido a um incidente com um chimpanzé. Sobre o papel que o consagrou, Ely refletiu em uma entrevista de 2013: “Eu pensei, ‘de jeito nenhum quero ser marcado por esse papel’. Mas meu agente me convenceu de que seria uma produção de qualidade.”
Passada na África, a série foi originalmente gravada no Brasil, com muitas cenas rodadas na região de Tambaú, no estado de Sergipe. Os produtores escolheram o país devido à sua densa floresta tropical, ideal para representar a selva africana. No entanto, as filmagens enfrentaram diversos desafios logísticos e climáticos, o que levou a produção a se deslocar para o México após os primeiros episódios.
A série teve 57 episódios em duas temporadas, e Ely se destacou por realizar suas próprias cenas de ação – uma obrigação contratual, com a justificativa de que seria difícil disfarçar um dublê, já que o ator só vestia uma tanga. Isso resultou em diversos acidentes, incluindo mordidas de animais, quedas de cipós e lesões graves. No total, Ely sofreu 17 ferimentos durante a produção, como ossos quebrados, lesões musculares e até mordidas de leão.
Ele relatou o impacto físico das filmagens: “Eu fiquei mental e fisicamente exausto. Cada parte do meu corpo tinha sofreu algum tipo de lesão.”
Outros trabalhos
Antes de “Tarzan”, Ely já havia participado de produções de destaque. Atuou ao lado de Clint Walker em “Satã, O Urso Cinzento” e com Ursula Andress em “Chamas da Paixão”, ambos lançados em 1966. Após a série, Ely não teve medo de diversificar sua carreira.
Ele assumiu o papel de outro herói da era pulp em “Doc Savage: O Homem de Bronze” (1975), um filme que, apesar das expectativas, sofreu com mudanças na administração da Warner Bros e não recebeu a atenção devida. Com a frustração, ele se reinventou e virou apresentador do concurso Miss América por dois anos seguidos, em 1980 e 1981, além de apresentar o game show “Face the Music”.
O astro também apareceu em séries populares, como “O Barco do Amor”, “A Ilha da Fantasia”, “Mulher-Maravilha” e “L.A. Law”, interpretou um Superman aposentado em “Superboy” e participou de uma nova série de Tarzan dos anos 1990 como caçador de grandes animais. Suas últimas aparições televisivas foram em outra série passada na selva, “Sheena”, em 2001, e no telefilme da Lifetime “Entre o Amor e a Religião”, em 2014.
Além de ator, ele ainda foi escritor, publicando dois romances que apresentaram o detetive particular Jake Sands.
Tragédia familiar
Em 2019, uma tragédia abalou sua família quando sua esposa, Valerie Lundeen Ely, ex-Miss Flórida, foi assassinada por seu filho, Cameron Ely. Cameron foi morto a tiros pela polícia logo após o crime, em um incidente que chocou a comunidade local.
