Incêndios no país têm conotação política, alerta secretário
Politica
Publicado em 22/09/2024

As queimadas na região neste ano foram agravadas por fenômenos climáticos atípicos e a ação criminosa de pessoas agindo com “conotação política”, em resposta às medidas adotadas pelo atual governo para combater o desmatamento ilegal

ABr e Agência Pública – de Brasília

Eecretário de Controle do Desmatamento e Ordenamento Ambiental Territorial do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, André Lima revelou, neste domingo, que há conotação política em parte dos incêndios florestais que ocorreram nos últimos dias na Amazônia.

 

De acordo com o secretário, as queimadas na região neste ano foram agravadas por fenômenos climáticos atípicos e a ação criminosa de pessoas agindo com “conotação política”, em resposta às medidas adotadas pelo atual governo para combater o desmatamento ilegal no país.

 

— Tem, inclusive, incêndio que a gente imagina que possa ter conotação política. É uma reação de parte da sociedade que não se conforma, que não se enxergou dentro da sustentabilidade — afirmou.

 

Focos criminosos

Quase na divisa de Mato Grosso com Amazonas, uma fazenda pegou fogo. Muito. Muito mais que as que estão ao seu redor. Na realidade, mais que qualquer outra propriedade privada rural em todo o Brasil. O fato respalda a constatação do secretário André Lima, sobre o viés político da onda de incêndios que atinge o país. 

 

Segundo levantamento da agência brasileira de notícias Pública, a fazenda Bauru, no município de Colniza (MT), foi a que teve mais focos de incêndio registrados em todo o ano de 2024. Foram 608 detectados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) desde o início do ano. A segunda fazenda que mais teve incêndios no mesmo período registrou 290 – menos da metade da Bauru.

 

As queimadas na fazenda Bauru colocaram a propriedade no radar do Batalhão de Emergências Ambientais do Corpo de Bombeiros. Em agosto deste ano, foi divulgada uma lista de áreas com incêndios que estavam sendo monitoradas: a Bauru estava entre elas. A reportagem questionou a corporação sobre as ações neste ano e se alguém foi detido por incêndios criminosos, mas os bombeiros não responderam.

 

‘Dia do fogo’

A fazenda Bauru tem um histórico envolvendo incêndios criminosos. Em 2022, uma operação policial descobriu um plano para fazer um novo ‘Dia do Fogo’ no local. Segundo a investigação, que envolveu diversos órgãos do Executivo e Judiciário do estado e de municípios, um grupo criminoso estava se organizando para provocar queimadas coordenadas em vários pontos de Colniza. A Operação Jomeri prendeu uma pessoa por porte de arma ilegal e apreendeu material artesanal para atear fogo.

 

O ‘Dia do Fogo’ original foi uma ação de fazendeiros na região de Novo Progresso (PA), em 2019, que combinaram por WhatsApp realizar queimadas em protesto às políticas ambientais de preservação da floresta. Na época, incêndios também atingiram o estado de Mato Grosso, na região da BR-163. Os responsáveis permanecem impunes até hoje.

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