Pneu descartado irregularmente pode tronar-se foco de proliferação da doença (Foto: Djavan Barbosa)
Por 'Jornal do Tocantins'
Saúde diagnosticou 55 pessoas confirmadas com a doença em 14 cidades, conforme dados do monitoramento das arboviroses pelo governo. Especialista fala sobre sintomas e ações de combate à doença
O aumento preocupante de dengue em todo o Brasil chega a mais de 512 mil casos prováveis da doença registrados no início de deste ano, conforme dados atualizados do Ministério da Saúde. No Tocantins, o cenário não é diferente, o estado já contabiliza 1.625 casos suspeitos em 85 municípios.
Os dados são do monitoramento das arboviroses divulgados pela Secretaria de Estado da Saúde (SES) sobre as primeiras cinco semanas epidemiológicas deste ano, divulgados na última quarta-feira, 7. Os dados apontam que do total de notificações, seis tiveram sintomas com sinais de alarme. Além disso, 55 pessoas receberam o diagnóstico confirmado para a doença em 14 cidades. Há ainda uma morte por suspeita de dengue em investigação no município de Brejinho de Nazaré.
Sobre a dengue
Segundo o Ministério da Saúde, a dengue faz parte de um grupo de doenças denominadas arboviroses, que se caracterizam por serem causadas por vírus transmitidos por vetores artrópodes. No Brasil, o vetor da dengue é a fêmea do mosquito Aedes aegypti.
O infectologista Jandrei Rogerio Markus comentou que a dengue pode ter sintomas parecidos com zika, chikungunya e até com a Covid-19. “Os principais sintomas da dengue são sempre a febre, as dores pelo corpo, dor atrás dos olhos, as vezes a pele fica vermelha e dores articulares, então esses são os principais sintomas da doença. Algumas pessoas tem todos, outras pessoas não têm sintomas nenhum”.
Ele ressaltou que a dengue ataca o sistema imunológico. “O sistema imune acaba tendo um distúrbio de regulação e ele acaba fazendo com que os vasos fiquem muito abertos, então o líquido sai dos vasos e a pessoa parece até desidratada. Então ela fica com líquidos no abdômen, fica com líquidos no pulmão e dentro do vaso tem pouco líquido”, disse.
Ele destacou que antigamente se denominava de “dengue hemorrágica”, mas que hoje é chamada de “grave”. “Hoje chamamos a dengue de grave não mais hemorrágica. O líquido extravasa muito do vaso e a pessoa começa a ter dores abdominais porque começou a ter líquido dentro da barriga, falta de ar, pode ter quadros neurológicos também associados. E aí vem a gravidade da dengue, por perda de líquido do vaso, ela mata muito mais do que aquela dengue que a gente chamava de hemorrágica. Então a gente abandonou o termo hemorrágico porque dava impressão que a pessoa só morria de hemorragia, na verdade ela morre por falta de líquido também no vaso”, explicou.
O que falta avançar
O Estado ainda precisa avançar em ações de combate contra a dengue, explicou o especialista. “Então a gente vê poucas medidas das prefeituras em busca dos focos de dengue. Hoje sabemos que através de trabalhos epidemiológicos a gente consegue localizar os focos de mosquitos fazendo cruzamento de informação. A gente consegue cruzar esses dados para localizar os criadores próximos, isso dá para fazer através de uso de informática e cruzando os dados epidemiológicos e alguns cativos. E também a busca ativa dos criadores, pois não se vê campanhas para localizar os focos dos mosquitos. Se divulga mais o carnaval do que a busca por eliminação de criação dos mosquitos”.
Ele acrescentou ainda que a população precisa se atentar aos pequenos cuidados. “A melhor maneira de prevenção é evitar os criadouros e a segunda melhor maneira é usar o repelente constantemente e orientar paciente com suspeita de dengue que tem que usar mais repelente do que usava antes porque ele tem que evitar que transmita doença para outros mosquitos que vão transmitir para outras pessoas também”.
Chikungunya
A chikungunya é transmitida pelo Aedes aegypti, mosquito que também transmite dengue, zika e febre amarela urbana. Quantos aos casos da doença, 25 municípios notificaram casos de chikungunya no estado foram 212 notificações e três casos confirmados neste ano. De acordo com o monitor da SES, até o momento, apenas Araguaína e Colinas do Tocantins confirmaram casos de chikungunya no estado. Nenhum óbito está em investigação.
Zika
É uma doença causada pelo Zika vírus, pertencente à família Flaviviridae, do gênero Flavivirus. A doença tem como primeiros sintomas manchas vermelhas em todo o corpo, acompanhadas ou não de olho vermelho, febre baixa e dores pelo corpo e nas juntas.
A principal forma de transmissão da doença aos humanos é por meio da picada do mosquito Aedes aegypti infectado com o vírus. Por esta forma de transmissão, a zika é classificada como uma arbovirose (doença transmitida por picadas de insetos, especialmente mosquitos).
De acordo com o monitoramento, 12 municípios notificaram 110 casos de zika no Tocantins. Quanto às confirmações, são duas,uma em Araguaína e outra em Gurupi. Há apenas uma gestante confirmada em Gurupi. Não há registro de óbito da doença.
Imunização
O Tocantins ainda não tem data prevista para recebimento das vacinas contra a dengue e nem previsão para a vacinação da população, segundo informou a Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO) por meio de nota na última segunda-feira, 12. Conforme a pasta, o Tocantins é o 23º na ordem de distribuição das vacinas contra a dengue.
Segundo o Ministério da Saúde, a imunização inicia pelas crianças de 10 a 11 anos e irá avançar a faixa etária progressivamente, assim que novos lotes forem entregues pelo laboratório fabricante.
O público-alvo da vacinação, o grupo de 10 a 14 anos, foi acordado entre os conselhos representantes dos secretários de saúde estaduais e municipais, seguindo a recomendação da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI) e da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Infectologista Jandrei Rogerio Markus (Foto: Djavan Barbosa)