Com a decisão, os affas podem parar de vez, se não forem incluídos entre as carreiras beneficiadas pela reestruturação
FSB Comunicação
Em assembleia realizada hoje (25), durante todo o dia, mais de 92% dos auditores fiscais federais agropecuários (affas) votantes foram a favor do indicativo de greve, o que permite aos affas paralisar as atividades a qualquer momento, caso a carreira não esteja incluída na reestruturação do Executivo Federal, segundo informa o ANFFA Sindical, que representa os auditores agropecuários, servidores do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Para Janus Pablo, presidente do ANFFA, o resultado recorde da assembleia reflete o sentimento dos affas com relação ao tratamento que vêm recebendo do governo federal. “Os auditores agropecuários mandaram o recado. Eles querem reconhecimento do trabalho realizado e da relevância da carreira para o desempenho positivo do agronegócio brasileiro”, destacou Pablo. Com o indicativo de greve os auditores agropecuários, que já estão em operação-padrão desde dezembro, vão intensificar a mobilização e esticar ao máximo os prazos para realização das atividades rotineiras.
Os affas vão manter o ritmo normal de trabalho somente para as atividades que podem afetar diretamente o cidadão, como a liberação de cargas perecíveis e de animais domésticos para viagens. A mobilização também não atingirá a realização de diagnóstico de doenças e pragas, evitando comprometer programas importantes para o Brasil, de prevenção à Febre Aftosa, à Peste Suína Africana (PSA) e a outras doenças que poderiam colocar em risco políticas sanitárias do setor agropecuário.
De acordo com o Anffa Sindical, a decisão tomada hoje, reflete também a insatisfação dos affas com a situação que se arrasta desde dezembro, especialmente porque o Governo Federal já havia sinalizado com a possibilidade de inclusão da carreira na reestruturação salarial, junto com outras categorias.
O presidente do ANFFA destaca ainda que “somente nas exportações do agronegócio a atuação dos affas contribuiu com R$ 44,9 bilhões em 2020, auge da pandemia, segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas” e reforça que a categoria não consegue entender o porquê do tratamento desigual, que pode comprometer o desempenho de um dos setores que mais contribuiu para alavancar a economia do país -- o setor agropecuário -- especialmente quando foi afetada pela pandemia.
De acordo com o ANFFA, a carreira está sem reajuste salarial desde 2017 e vêm trabalhando com déficit de 1.620 affas, com excesso horas-extras e banco de horas que na maioria dos casos, não podem ser convertidas em folgas, pela carência de servidores.
Hoje, o Mapa tem pouco mais de 2,5 mil affas na ativa. Comparado ao número de 2000, em que o contingente era de 4.040, verifica-se redução de 37,3% no quadro de affas em 2021. Essa redução ocorreu, em grande parte, devido a aposentadoria de affas, sem a reposição do quadro (Dados de maio de 2021). Em função do crescimento das demandas do agro, há uma necessidade enorme por mais servidores de carreira.
Sobre a carreira
Os auditores fiscais federais agropecuários são servidores de carreira do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). São engenheiros agrônomos, farmacêuticos, químicos, médicos veterinários e zootecnistas, que exercem suas funções há mais de 150 anos no serviço público federal, e como carreira, desde 2000. Trabalham para garantir qualidade de vida, saúde e segurança alimentar às famílias brasileiras.
São responsáveis por garantir a saúde animal, a sanidade vegetal e a qualidade e segurança dos produtos agropecuários que chegam até o consumidor final, seja no Brasil ou no exterior. Atuam nos portos, aeroportos e postos de fronteira, nos campos de produção, nas empresas agropecuárias, nas cidades, nos programas de desenvolvimento agropecuários elaborados pelo Mapa, nas negociações internacionais, entre outros ambientes ligados a atividades agropecuárias.