Desde o fim de 2021, um barco novo virou patrimônio da família Santos Amaral, moradora da Ilha do Pará, localizada no município de Afuá, no arquipélago do Marajó, já na divisa com a cidade de Santana, no estado do Amapá.
Adquirida por meio de um projeto de crédito rural da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) em parceria com o Banco da Amazônia (Basa), a voadeira fabricada em alumínio e com motor de popa agora é o meio de transporte para aqueles pais e filhos e também para o escoamento das sacas de açaí, principal fonte de renda da família.
Os mais de R$ 100 mil advieram da linha Mais Alimentos, do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), em uma aquisição histórica. Considerando-se os 144 municípios paraenses, é primeira vez que um projeto da agricultura familiar beneficia a comunidade com um veículo fluvial desse porte, ante uma movimentação típica de liberação de recursos que costuma se direcionar para caminhões e tratores.
O casal Eduardo Amaral, 60 anos, e Beatriz Santos, 53 anos, na companhia de três dos cinco filhos: Ariel, 20 anos, Arielson, 18 anos, e Antônia, 16 anos, trabalha sobre sete hectares de açaí manejado, em uma propriedade que chega a 40 hectares.
A embarcação adquirida é seis vezes mais potente que aquela de uso anterior da família, um catraio, espécie de canoa motorizada. Com mais velocidade e em menor tempo, o processo de escoamento e venda vem eliminando a dependência do atravessador, ampliando a perspectiva de lucro em cerca de 30%. A viagem entre o Sítio Amaral, à margem do igarapé Samaúma, que desemboca no rio Samaúma, até o centro de Afuá foi encurtada de oito horas para duas horas e meia graças ao novo veículo.
Para Santana, no estado vizinho, quatro horas viraram uma hora e quinze minutos. O porto amapaense é o principal canal de comercialização da colheita semanal de quase três toneladas, por causa da maior proximidade e de preços mais competitivos.
“Para a gente é muita vantagem. Falando do nosso negócio, é interessante porque fornecemos açaí desde sempre e só com o barco novo estou conhecendo o público comprador, os batedores e tudo, porque a viagem passou a ser vantajosa e eu mesmo levo a carga. Em outra época, era tudo pra quem vinha comprar direto na Ilha, e nisso saíamos perdendo nos cálculos de negociação”, comenta Amaral.
Ele reforça a facilidade na busca por algum serviço: “Não tem como não carecermos de ir à cidade às vezes, pra resolver coisas ao vivo. Nisso ajudou bastante também, para completar a alegria e o sucesso”, diz.
De acordo com o chefe do escritório local da Emater em Afuá, o engenheiro agrônomo Alfredo Rosas, o atendimento abre um precedente bem favorável.
“Para esta região de fluxo por rios, existe um potencial grande de diversas famílias com similar interesse. É um contingente de ribeirinhos, em localidades afastadas, e para quem uma embarcação eficaz, repercute na qualidade de vida em nível panorâmico. É o veículo para o dia a dia e para as cadeias produtivas”, explica.
O objetivo é que pelo menos dois outros agricultores do município sejam contemplados com modernas embarcações ainda este semestre.
Fonte: Aline Miranda/Ascom Emater